COMO É A VIDA...
Um dia, por escolha dos meus sonhos enraizados na emoção e na razão, resolvi ir viver em Santa Filomena, pequena cidade incrustada no sul do Piauí.
Terra desconhecida para mim.
Um desafio muito bem assimilado ao adentrar suas terras cercadas por serras, pelo rio Parnaíba e por um céu quase sempre límpido e estrelado.
E alí vivi experiências inesquecíveis, cheias de vigor e intensas emoções.
Conheci pessoas, saberes, costumes, e dentro de tudo isso ganhei amizade caras e frutíferas que influenciaram para sempre minha vida.
Pessoas que até hoje estão vivas em meu coração e minha mente.
Reza a sabedoria que não devemos citar nomes porque podemos esquecer alguns ou fazer injustiça com outros. Mas, quero aqui enaltecer, de forma especial, a pessoa de madrinha Izidorinha.
Quando a vi pela primeira vez notei em seus olhos um brilho diferente.
Meu espírito foi tomado por um carinho cheio de devoção que logo me fez uma criança diante daquela mulher.
E assim ficamos amigos. Um dia ela hegou com raminho de jsmim e me pediu como afilhado e, a aceitei como minha madrinha.
Madrinha Izidorinha era um anjo. Uma fada.
Uma rainha comandando seus súditos nem sempre dóceis e inteligentes.
Sua aura derramava força e alegria em todos que a ouvia ou com ela convivia.
Sua fé e sua maneira de enfrentar os árduos problemas criados pelo seu rebanho era magistral.
Sua vida é um exemplo.
O seu sorriso não era somente esboçado nos lábios e face.
Seu sorriso se transmitia nos olhos, essência da alma.
O sofrimento não a fazia sofrível.
As dificuldades não a fazia atemorizada.
Impassível e generosa continuava sua caminhada de fazer o bem a todos os que precisavam
Um vez tive uma visão onde a via dentro de uma rosa branca e ambas brilhavam sorrindo.
Izidorinha não é uma simples mulher. É uma lenda.
Por isso, não há de morrer.
Se sua carne não suportou mais este mundo físico, seu espírito agora está livre para se juntar às estrelas e ao Cosmos junto do grande criador que chamamos Deus.
Sua transmutação me faz crer que só o amor e a bondade são eternas.
Nunca perdi o brilho do seu olhar, nem a leveza dos seus gestos carinhosos carregados de compreensão.
Estamos juntos e estaremos sempre rindo das araras no fim de tarde, dos colibris, dos buritizais, das flores do pé de pequi e de tantos outros motivos de meninices.
Izidorinha, obrigado por tudo.
Sou melhor hoje porque a conheci e pude aprender com sua sabedoria plena.
Um beijo no seu coração.