Ansiedade
Estou
prestes a me desvalir
Cansei
das flores
Caladas
pela palidez do tempo
Olhai
Nem os
lírios sorriem
Nem os
crisântemos choram
Que vida
é essa descorada?
Será por
ventura a solidão
Fugindo
para o precipício?
Sou um
inválido abandonado no jardim
Sem cores
Sem açoite
Sem viço.
BRINCADEIRA
Não sei
por que me presto
Brincar
com as palavras
Sonhar
com o silêncio
Imaginar
o impossível
Não sei
Não concebo
Não pressuponho
Quem sabe
anseios
ignorados
Rampa
o que me leva à rampa
o íngreme
o desprovido
anseio de alcançar
o ar
O mar
Estou
entre o mar e o mar
O mar
de sal e o mar de fogo
O mar
de sonho e o mar de vazio
O mar
que canta
o mar calado
como a brisa e a espuma fria
Poema
Ontem
um poema distraído me sequestrou
Não leio
o poema
Ele me
lê
E me
expõe como a terra o rio
A poesia
é sêmen de vida
o poema gozo
vadio
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