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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

UM DIA MATO A GRAMÁTICA

Que vício é este que me aprisiona a escrever sempre atendendo à gramática que nunca aprendi?
Quisera ser livre deste maldito vício que me torna encarcerado em grilhões que não valem à pena.
Quero libertar minha poesia dessas regras retógradas.
Um dia, eu prometo, mato a GRAMÁTICA.


VIOLÊNCIA GRAMATICAL

Me deixe ser livre
Andorinha pelos ares
Inaugurando minha violência

Um dia mato a gramática.

Não, a gramática, não
a mania de usá-la degradando a idéia.

A poesia não cabe nas regras e nos dicionários.
Ela é o universo
Infinitamente infinita
Elo do belo com o cosmo.

Até que essa idéia de matar a gramática não é má.
É violência que me agrada
Como o aroma que a flor exala.

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INDECIFRÁVEL

não quero entender as pessoas
gente é para ser indecifrável
prefiro continuar obscuro
olhando o vazio vazio
quem pensa perde tempo
não cria
quase todos são mesquinhos
olham para si
como se fossem únicos
prefiro continuar alheio
aos sermões dos chatos
e aos discursos dos néscios
a corda é ingênua demais
para cortar meu pescoço

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RETICÊNCIAS

meu olhar é morto
quando incontido
impetuoso
quando excitado
minha vida é como reticências
para todos os lados
há saída
cada passo, cada norte
rompe cadeias do (in)imaginário
não quero cala boca
prefiro acordar meio mundo de parvos
adormecidos
minha boca é ávida
grítida
fálica
que se aborreçam os insensíveis
cegos
não quero calar minha consciência
o fio da navalha não corta
enquanto cega
calem-se os fracos
se podem recuar diante da torrente

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